21 junho 2014

33 VEZES EM APUROS! VOLUME II

BANHEIRO INTERDITADO>>> Quando o Carlão descia na hora do almoço, o chapeiro da Lanchonete Puppi´s tinha que se preparar, pois pelo menos três lanches X Tudo ele iria comer. Fora a batata frita sempre regada com molho de tomate e mostarda. Nós cansávamos de lhe dizer para melhor a alimentação, mudar o hábito e comer uma comida mais saudável, mas não tinha jeito, nosso amigo Carlão era vidrado num X Tudo.

Por comer demais, talvez, ele sempre chegava atrasado do trabalho, dormia mal, tinha excesso de peso e por isso transpirava bastante, tinha falta de ar, e quando o elevador do prédio estava quebrado ele demorava uma eternidade para chegar ao sétimo andar, onde ficava nosso escritório. Para completar esse cardápio altamente rico em calorias, às sextas feiras, no happy hour, Carlão se enchia de batatas fritas, porções de calabresa, tudo regado a muita cerveja.
Nos dias em que tínhamos de fazer o fechamento mensal na empresa era o maior sufoco. Carlão se esquecia do horário da volta do almoço, talvez pelo sono que ele tinha depois de acabar com o estoque de X Tudo da Lanchonete Puppi´s e às vezes tínhamos de mandar a Glória ir busca-lo. Para piorar a situação, logo que ele voltava do almoço, passava alguns minutos trancado no banheiro escovando os dentes e fazendo um download interminável. A Tia Márcia da limpeza tinha que espera-lo terminar de fazer o download para poder limpar o banheiro, senão teria o trabalho dobrado. Por mais que falávamos, ele não mudava seu comportamento. Não ia ao médico, não jogava futebol conosco e vivia num mundo sedentário onde a coisa mais importante era comer X Tudo.
Numa tarde de segunda feira, depois de ter detonado três X Tudo e ter bebido uma Coca de dois litros no Puppi´s, Carlão entrou no banheiro e de dentro de alguma casinha acabou dormindo. Com a demora, A Tia Márcia foi até nosso departamento nós avisar para ir tira-lo de lá, pois precisava limpar o banheiro. Fomos eu e o Mariano, mas o Carlão não atendia nosso chamado, até darmos um pontapé na porta e vê-lo acordar assustado. Para tira-lo do assento do vaso sanitário, tivemos que, eu e o Mariano puxarmos-lo pelas mãos. Pior que tudo isso foi o cheiro do coco. A Tia Márcia até foi obrigada a fechar a porta e lançar no ar um spray de Bom Ar de Lavanda.

- Porra Carlão, que palhaçada é essa?

O Mariano ficou puto da vida e eu fiquei com pena do Carlão, diante daquela situação constrangedora.

- Carlão, assim não vai dar mora! Você precisa criar vergonha na cara bicho!

O Mariano estava puto da vida, com razão, pois não foi a primeira vez que tivemos que livrar o Carlão de uma situação constrangedora. Ele era muito querido pelos diretores da empresa, mas tudo tinha um limite e o limite das pessoas com o Carlão estava se esgotando. E assim que conseguiu se restabelecer dignamente, o levamos de volta para o departamento, sem fazer que tudo aquilo causasse algum alarde na empresa.
Voltamos para o departamento depois de tomarmos todos junto um café bem forte e parecia que a rotina iria voltar ao normal, até eu ver a Tia Márcia em pé, de frente à minha mesa, fazendo um sinal com os olhos querendo dizer que gostaria de conversar comigo em particular.

- Augusto, pode vir comigo até o banheiro?

No trajeto até o banheiro, não imaginei o que poderia ser, mas fiquei ainda mais preocupado quando percebi que a Rosa, a fofoqueira da empresa, tinha filmado toda a situação e sorrateiramente veio atrás da gente.

- Veja só como está a casinha do meio. Disse a Tia Márcia, quando entramos no banheiro dos homens.

Podíamos dizer naquele momento que o download que o Carlão fez na casinha do meio não havia sido concluído. O troço não descia, mesmo depois de darmos tantas descargas naquela privada fedorenta. A Tia Márcia ainda insistiu tentando dissolver o coco do Carlão com alguns produtos químicos, mas não obtivemos sucesso. O jeito foi lançar alguns sprays de Bom Ar, até acharmos uma resolução para aquele problema nojento.

- Porra Carlão, que merda! Disse o Mariano puto da vida!

Vamos chamar os bombeiros! Disse a fofoqueira da Rosa.

Até que não foi uma má ideia, mas a minha maior preocupação naquele momento foi tentar de alguma maneira poupar o meu amigo Carlão de todo aquele constrangimento, mas não consegui, pois a fofoqueira da Rosa espalhou a notícia para a empresa inteira e colocou um aviso na porta do banheiro dos homens em que se lia a seguinte inscrição: BANHEIRO INTERDITADO ! >>> TRECHO DO LIVRO

OS OLHOS DO CENTURIÃO



Sir Alfred Joseph Hitchcock, KBE, foi um cineasta inglês, considerado o "Mestre dos filmes de suspense", um dos mais conhecidos e populares realizadores de todos os tempos. Mas o que Alfred Hitchcock tem a ver com o enredo deste livro? Ora, esse cineasta ficou famoso dentre tantas coisas, por através de sua câmera mágica mostrar as cenas de um ângulo diferente, surpreendente, dando outra interpretação para as cenas carregadas de suspense e enriquecidas pelas trilhas famosas. Então, imaginamo-nos à época de Jesus Cristo: Imagine se pudéssemos estar presente na “cena” em que Judas o beija, indicando-o como a quem os que “não sabem o que fazem” perseguem? Imagine também o corredor do calvário, seus detalhes... Será que se estivéssemos por lá a história seria a mesma? Na certa não impediríamos o curso da história, mas existiriam outros detalhes que pudessem estar nos escritos, até mesmo a nossa própria morte em “defesa” de Deus. Neste Livro, Os olhos do Centurião serão para nós a Câmera de Hitchcock, para descrever em outros ângulos as principais cenas da vida do filho do homem, para que possamos imaginar, não com a riqueza de violência e sangue de Mel Gibson, mas com a clemência do Centurião ao constatar depois da crucificação que aquele homem na cruz era mesmo o filho de Deus.
Antonio Auggusto João